segunda-feira, 23 de março de 2009

Beberibe e Capibaribe pedem socorro

Pernambuco é o estado com maior déficit de água por habitante do País. São 20% de água doce, que pode ser usada pelo homem, concentrado no Sertão e Agreste do Estado, que compõem 70% do território de Pernambuco. O restante está entre o Litoral e Zona da Mata. Levando em consideração que um terço do mundo é composto por água e apenas 0,008% é potável para ser compartilhada por mais de seis bilhões de pessoas, a situação fica cada vez mais crítica. Um dos pontos que favorece ainda mais este agravante é a quantidade de contaminação dessas águas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, 56% das águas em Pernambuco estavam poluídas.
Desde o ano de 1992 que a Organização das Nações Unidas (ONU) batizou o dia de ontem para reflexão Mundial do Dia da Água e o índice de poluição é cada vez maior. “Não temos nada para celebrar. Devemos usar o período para conscientizar sobre a importância deste recurso em nossas vidas. Ninguém vive sem água”, afirma o presidente da Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE), Marcelo Mesel. No ano passado, depois de muitas reclamações dos moradores das áreas ribeirinhas do rio Beberibe, que tem 23,7 quilômetros de extensão, foram retirados um pouco mais de 13 mil toneladas de resíduos poluentes e mesmo assim não foi suficiente para despoluir o manancial e levar bem-estar à população.
Este projeto foi realizado nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2008 pela Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco (SRH/PE) junto com a Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura do Recife (PCR). “Essa ação deve ser ampliada, ao longo de 2010, de forma a atingir não só o Beberibe, mas também o rio Capibaribe”, que tem 250 quilômetros de extensão. “Fora a sujeira, a enorme quantidade de moscas atrapalha demais parece que a gente vive sujo. Até porcos a gente encontra nesse rio”, declara o estudante Roberto Silva, de 19 anos, que vive próximo à Estrada do Caenga, uma via que cruza o Beberibe no bairro de Caixa D’Água, em Olinda.
Para a coordenadora de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Lurdinha Florêncio, o grande culpado pela situação crítica das águas no Estado é a própria população que joga lixo nas ruas mesmo sabendo que isso não deveria ser feito. Quando um objeto qualquer é lançado nas calçadas, ele entra nas galerias de esgoto, percorre as tubulações, passam pelos canais que estão ligados aos rios, que encaminham toda água para o mar e de lá, chega ao oceano. Este processo parece longo, mas é muito curto quando se trata de poluição.
São, ao todo, 20 rios, 20 patrimônios naturais que estão sendo maltratados diariamente. Seja por lixo doméstico, seja por produtos químicos que são lançados nas águas ou, simplesmente, por causa do desmatamento da mata ciliar, responsável por proteger os leitos. O Capibaribe Melhor, projeto da PCR que teve início em 2007, busca intervenções dentro da bacia incluindo melhoria do espaço urbano, saneamento, habitação e outros benefícios para as 56 mil famílias que vivem às margens do rio Capibaribe. Já o Projeto Jabebyry, criado em 2003, previa a revitalização do Beberibe, mas não conseguiu captar recursos e, por isso, a ideia que buscava levar educação ambiental nos bairros de Água Fria, Arruda, Porto da Madeira, Chão de Estrela, Campina do Barreto, no Recife e Caixa D’Água, em Olinda, não foi levado adiante.

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